segunda-feira, 5 de março de 2012

A profissão do arquiteto e urbanista. Pela sua valorização.

Começo meu post citando das arquitetas que mais admiro, pela inteligência, competência e sensibilidade, Zaha Hadid. Segundo ela, "Arquitetos desabrocham tardiamente". Ela complementa, "a maioria dos arquitetos não atinge seu auge profissional antes de completar cinqüenta anos de idade. Não há provavelmente nenhuma outra profissão que requeira de uma pessoa integrar tamanha ordem de conhecimento em alguma coisa tão específica e concreta. Um arquiteto deve ter conhecimento de história, arte, sociologia, física, psicologia, materiais, simbologia, processo político e inúmeros outros campos, e deve criar uma construção que satisfaça códigos regulamentares, acompanhe a metodologia, revista a terremotos, tenha elevadores e sistemas mecânicos funcionando e atenda às complexas necessidades funcionais e emocionais de seus usuários. Aprender a integrar tantos interesses em um produto coeso toma um longo tempo, com muitas tentativas e erros ao longo do caminho. Se você pretende seguir no campo da arquitetura, permaneça nele por um longo trajeto. Vale a pena!"
Hoje, Zaha esta com mais de 60 anos...
Pois bem comecei citando-a por que seu texto reflete a dificuldade que temos em nos fazer valorizar. Uma luta de muitos anos hoje se refletiu no CAU, Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Sabem qual a maior ambição deste conselho, valorizar os projetos dos arquitetos. Por que passávamos 5 anos ou mais desenvolvendo projetos para ter a mesma atribuição dos engenheiros civis... Que entendiam muito de estruturas e complementares, mas tão pouco de projeto. Não quero generalizar mas não há como não comparar a qualidade de um profissional que estudou 10 semestres de projeto, contra um que estudou 2 semestres... Na execução de projetos. Aprendi muito com os inúmeros profissionais com os quais já trabalhei, inclusive os engenheiros. Que alias me ensinaram muito bem como produzir trabalhos técnicos com padrões realmente profissionais. Bem, mas vou seguir com meu desabafo por que vejo nova luta pela frente, a de evitar que as cidades sejam destruídas pelos profissionais que acham que sabem o que estão fazendo, mesmo sem atribuição legal para isso. Exemplifico. Ao conversar com o CREA novamente, agora a história mudou um pouco... Profissionais de outras áreas podem coordenar trabalhos técnicos, só não podem emitir parecer técnico. Posso até estar me achando, mas não entendo como responder perguntas técnicas em uma audiência publica não seja dar parecer técnico. Na audiência publica região 1, quem respondeu as questões técnicas do arquiteto Alan foi a engenheira agrônoma Inês...?!?
Meu alívio vem ao descobrir que não estou sozinha nesta luta. A página da CAU - Chapa 3 do Facebook já demonstra que os profissionais começam a buscar esta restrição de atuação para apenas aqueles formados para determinada profissão. E mais, as associações também estão se mobilizando.
Aproveito aqui para divulgar a carta aberta que recebi através do e-mail do Angelo Arruda, da Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas, contra a PL 2043/2011, que busca justamente deixar que qualquer um possa exercer a nossa profissão com um curso de PÓS entre outras "pérolas"... um verdadeiro absurdo que todos os arquitetos, urbanistas e paisagistas devem combater. Mesmo por que, até onde eu sei, eu não estaria habilitada a projetar pontes, simplesmente após fazer um pós no assunto? Não podemos permitir que a informação tenha uma importância tão minimizada.



A ABAP

Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, entidade participante do CAU - Conselho



de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, vem pelo presente manifestar-se contra a aprovação do Projeto

de Lei

2043/2011, ora em discussão nas diferentes Comissões da Câmara Legislativa Federal.



Internacionalmente o exercício profissional das três áreas correspondentes ao desenho do espaço é

garantido a três categorias profissionais: Arquitetos, urbanistas e arquitetos -paisagistas.

No Brasil, a regulamentação da profissão de Arquiteto e Urbanista existe desde 1933, e desde esta

primeira Legislação ( Decreto Federal n. 23.569 de 11 de dezembro de 1933) o exercício da

Arquitetura Paisagística está especificado em seu artigo 30, item d, compondo, juntamente com outras

atividades concernentes a arquitetura e urbanismo, o quadro das atribuições dos arquitetos e

urbanistas brasileiros.

Desta forma, tradicionalmente, vem sendo, desde então, agrupadas as três categorias (Arquitetura,

Urbanismo e Arquitetura Paisagística), para os arquitetos urbanistas brasileiros, e suas atribuições.

A ABAP, desde 1976 é membro filiado a IFLA

International Federation of Landscape Architects e



reúne profissionais arquitetos urbanistas brasileiros que atuam no campo da Arquitetura paisagística.

Desde 1998 a ABAP ingressou no CBA - Colégio Brasileiro de Arquitetos, como uma das cinco

entidades nacionais de representação dos arquitetos e urbanistas brasileiros e lutou pela aprovação do

PL 4413/2008, que originou a Lei n. 12.378/2010, de criação do CAU

Conselho de Arquitetura e



Urbanismo

e que estabelece as atividades e atribuições dos arquitetos urbanistas, e no inciso III do



artigo 2º , especifica a atividade da Arquitetura Paisagística.

Desta forma a profissão já existe há mais de setenta anos, e tem sua regulamentação, não havendo,

portanto, justificativa para que, neste momento, se apresente uma proposta que somente acarretará

perturbação no cumprimento da legislação em vigor.

Pelo presente PL 2043/2011, estão sendo equiparadas diversas e distintas formações profissionais, de

categorias diferentes (Artistas plásticos, biólogos, agrônomos, arquitetos, e outros).

Além disso, esse PL considera os títulos de pós-graduação como válidos para formação de

profissionais, o que nunca foi considerado por vários conselhos profissionais em nosso país, uma vez

que as atribuições profissionais estão, tradicionalmente, vinculadas aos cursos de graduação.

Pelo exposto solicitamos o seu empenho para que este PL seja rejeitado e cessado o seu processo,

por entrar em conflito com a legislação existente, criando uma situação que pouco contribui para o

entendimento da população quanto às reais potencialidades desta área de atuação profissional .

Jonathas Magalhães
Presidente da ABAP

Arquiteta e Urbanista Eliana Hertzog Castilhos

5 comentários:

  1. o que é mais revoltante é que pelo visto os arquitetos da SPM acham tudo isso normal e até defendem a "colega". Eu entendo que sem atribuição legal essa Engenheira devia ser punida pois no fundo é um crime, ponto final , não existe discussão neste assunto.
    Repito arquitetos caso possuam algum orgulho da profissão de vocês devem lutar por ela.
    Nem que seja contra os desmandos da SPM.
    Beatriz

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  2. O problema, Alan é que nem sempre nós técnicos que trabalhamos para o Governo podemos levantar estas irregularidades e somos obrigados a aceitar este tipo de situação, não quer dizer que concordamos. As ordens vem de cima. Mas pode ter certeza não concordamos e as vezes inclusive nos sentimos ofendidos.
    L. C.

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  3. Alan e Eliana vocês devem publicar isso junto as faculdades de arquitetura e junto aos sindicatos e conselho da categoria pois isso pode simplesmente denegrir a imagem do curso de arquitetura ou então deixar claro que qualquer um com um pòs de 400 horas pode ter a mesma atribuição que vocês.
    Eu me pergunto só vocês estão vendo isso? Ou existe outro movimento contra?
    Júlio

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  4. Será que vão devolver o dinheiro de quem fez ensino superior pois esta virando samba do crioulo doido.
    Isso só me reforça a inexperiência e o despregarão dos órgãos públicos.
    Case a fiscalização?
    Welington

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  5. Precisamos saber e divulgar o nome das arquitetas da SPM que ficaram protegendo a engenheira Agronoma em vez de lutar pela categoria.
    Ana Alice

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